Esses dias acessei um site meio esquisito (www.google-watch.org) que lançava uma porção de suspeitas em relação a empresa do Google. Num primeiro instante parecem inverdades, mas com um pouco de investigação dá a impressão de que tudo vai se encaixando e se confirmando, mesmo não havendo provas cabais.
O site google-watch.org levanta uma porção de considerações a respeito do uso da tecnologia pela Google, que além do site de buscas possui outros serviços, como os famosos Gmail e Orkut, e outros não tão conhecidos que são listados nesta página: http://www.google.com/intl/en/options/
Para o google-watch.org, o Google está invadindo a privacidade das pessoas, nos observa e nos investiga por meio de algumas práticas aparentemente inocentes, como por exemplo, oferecendo espaço praticamente ilimitado para e-mails.
Através do Gmail, o Google oferece mais espaço em disco do que outros sistemas de e-mail (pelo menos entre os mais conhecidos). Este espaço virtualmente infinito para as mensagens, em conjunto com a funcionalidade de busca, incentiva as pessoas a não apagarem nada do que recebem. Aliás, apagar mensagens é meio trabalhoso, o Gmail encoraja seus usuários a apenas arquivarem o que julgam desnecessário. Segundo o www.google-watch.org, "o Google admite que mesmo que se apague definitivamente uma mensagem, ela permanecerá nos seus servidores e será acessível internamente nas dependências da Google. O Google quer te conhecer melhor...".
Algo Bastante curioso também acontece ao se acessar o site de buscas do Google. Um cookie que expira somente em 2038 é gravado no disco rígido do computador com um número de identificação. É verdade que outros sites se inspiraram na Gigante da Informação e também passaram a adotar esta prática do cookie imortal, mas o Google foi o percussor. Por meio deste cookie, toda vez que uma pessoa faz uma pesquisa no Google, os servidores registram o número de identificação dessa pessoa, seu IP, data e hora, as palavras pesquisadas, e as configurações do navegador web.
Segundo o Google-watch.org, não há explicações sobre o motivo da retenção destas informações e o que se pretende fazer com elas. Quando o New York Times (28-11-2002) questionou isso a um dos fundadores do Google, não obteve resposta.
Através do Orkut o Google também tem acesso a um cadastro bastante recheado de informações dos seus usuários, pois nele as pessoas são levadas a deixar diversas informações desde o seu registro inicial, que vão crescendo a medida que o usuário passa a se relacionar com outras pessoas e a freqüentar e participar de comunidades.
Não fica difícil imaginar as possibilidades que o Google tem de cruzar estas informações que vem coletando sistematicamente de seus inocentes usuários. Fazer um cruzamento entre as conversas que temos no Gmail, com as pesquisas que fazemos várias vezes por dia no site de buscas, e com as informações daquilo que fazemos no Orkut é moleza. Isso pode se complementar ainda com mais dados se a pessoa estiver usando outros serviços do google, como o Google Desktop e Google Talk.
Mais ainda, pode comparar o que pesquisamos na internet com aquilo que as pessoas com quem mais trocamos e-mail ou nos relacionamos no Orkut estão pesquisando. Através desse processo de conhecer o que a maioria de nós busca na rede, pelo que nos interessamos, o que estamos visitando e o que discutimos nos e-mails e nas comunidades do Orkut, o Google pode conhecer alguns de nossos amigos melhor do que nós mesmos!
Acredito que o google ainda vai inventar um serviço bacaninha que, para utilizarmos será obrigatório o preenchimento de um campo com nosso endereço residencial. Aí eles poderão identificar no google earth exatamente onde moramos.
Não deve ser por acaso que um dos co-fundadores do Google tem a pesquisa de Data-Mining como sua maior diversão, conforme indica sua home page:
http://www-db.stanford.edu/~sergey/
Seus últimos trabalhos publicados:
-Extração de Padrões e Relações da World Wide Web (Extracting Patterns and Relations from the World Wide Web)
- Data Mining dinâmico: Uma Nova Arquitetura para Dados com Alta Dimensionalidade (Dynamic Data Mining: A New Architecture for Data with High Dimensionality).
Pra quem ainda acha o Google legalzinho, é interessante a leitura de uma recente reportagem do The New York Times, intitulada: "Google vira império do mal no Vale do Silício" disponível
aqui:
Segundo esta reportagem, o Vale do Silício teme o tamanho e poder do Google, considera que a empresa está se descaracterizando e se distanciando de seus objetivos iniciais. Freqüentemente apresenta sinais de arrogância, destrata parceiros, assedia engenheiros de outras empresas e parece querer dominar tudo por onde passa.
" 'No passado, costumávamos ouvir sempre que a Microsoft era o império do mal', diz Brian Lent, presidente da Medio Systems, empresa iniciante de Seattle que trabalhava em buscas para telefones móveis. 'O Google é o novo império do mal, porque estão em posição tão poderosa em termos de controle. Tem um potencial de controle monopolista sobre o acesso à informação.'
'Gosto dos caras do Google, e os respeito', disse. 'Mas seu objetivo final, digamos, parece ser 'Google acima de tudo no céu e na Terra'. "