Sobre Blogs e etc

terça-feira, janeiro 24, 2006

Mudança de endereço deste blog

Mudei este blog para outro endereço:

http://savi.emidia.org

Neste novo endereço existem duas áreas principais:
  • Blog: Conteúdos mais curtos e atualizados com maior frequência.
  • Artigos: Conteúdos mais longos e atualizados com menor frequência. Alguns textos acadêmicos serão publicados, tanto de minha autoria como de autoria de meus colegas que queiram compartilhar seus conhecimentos.
Há ainda links para material de pesquisa, como artigos, revistas e journals que podem ser acessados a partir do bloco Para Pesquisar, localizado na coluna direita do site.

quinta-feira, novembro 24, 2005

MP3 players e a indústria fonográfica

Desde o início da disseminação dos arquivos de MP3 as gravadoras vêm travando muitas guerras jurídicas para impedir a livre circulação dos arquivos de músicas por aí. Mas a questão está muito complicada de se resolver pro lado deles, e aparentemente todo mundo continua encontrando seus MP3s sem maiores dificuldades.

Parece que a indústria fonográfica não vai conseguir sair tão cedo do atoleiro em que entrou a partir do maior desenvolvimento e disseminação da internet, dos computadores e dos tocadores de música portáteis.

Temos atualmente tanto oferta como procura muito grande pelos tocadores de MP3 portáteis. Muitos presentes de natal serão estes players, alguns integrados a outros equipamentos, como celulares e palms.

Isso significa menos compradores potenciais de CDs, mais baixadores potenciais de MP3 e menor previsão de lucros para as gravadoras.

* * *
A situação fica mais complexa ainda em relação aos podcasts. Muitos deles utilizam músicas como trilhas dos programas sem pagar copyright. A indústria fonográfica está apenas observando e ainda não sabe direito o que fazer. A explosão de popularidade dos podcasts sugere que até o final da década eles serão uma importante mídia de massa. Proibir o uso das músicas nos podcasts seria o equivalente a proibir de tocá-las nas rádios, e as gravadoras dependem da divulgação das músicas pela mídia para vender CDs de seus artistas.

Mais um aspecto desfavorável para as gravadoras é que estão surgindo cada vez mais músicas que podem ser utilizadas livremente nos podcasts, organizadas em portais com licenças de uso que permitem que qualquer pessoa faça o download do MP3 e o utilize livremente nos Podcasts ou onde quiser.

O que deve estar tirando o sono da indústria fonográfica é que, caso haja muita rigidez no controle de uso de suas músicas, as pessoas passem a ouvir mais as músicas livres, levando a uma diminuição ainda mais severa do mercado das músicas pagas.

domingo, novembro 13, 2005

Ganhar dinheiro produzindo podcasts

Os cidadãos que possuem um pouco de afinidade com as tecnologias de internet podem criar seus próprios programas de rádio e disponibilizá-los na internet utilizando os ferramentais dos podcasts.

Esta tecnologia se popularizou rapidamente. Hoje existem podcasts de variados assuntos, criados por pessoas com variadas culturas.

O número de ouvintes de programas de rádio que utilizam esta tecnologia já chegou aos milhões. Até mesmo algumas instituições de ensino estão adotando os podcasts para reforçar alguns conteúdos ministrados para os alunos.

Com tamanha popularização, estão começando a encontrar maneiras de se ganhar dinheiro com os podcasts, principalmente nos EUA. Alguns programas já conseguem patrocinadores que pagam alguns dólares por 30 segundos de espaço nos instantes iniciais dos podcasts mais populares.

Isso despertou o interesse de algumas empresas maiores, que agora procuram formas de aglutinar podcasts, vender contratos de patrocínios por períodos de seis meses por quantias mais consideráveis.

Outras modalidades de patrocínio estão prevendo o pagamento de cerca de $25 dólares para o autor a cada 1000 downloads de seu podcast.

O atrativo para os anunciantes é a possibilidade de suas propagandas atingirem um público bem focado, já que os conteúdos de internet são bem segmentados.

No entanto, apenas uma pequena parcela dos podcasts conseguirá atingir um público grande, a maioria deles tem uma pequena audiência, o que não desanima seus produtores, ao menos por hora, que se contentam em criar seus programas de áudio para os amigos e colegas com afinidades em comum.

Link para Podcasts Brasileiros.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Código secreto em impressoras permite ao governo rastrear o cidadão

Pequenos pontos identificam onde e quando uma impressão foi feita

Descobriram que alguns modelos de impressoras laser colorida vendidas nos EUA deixam pequenos pontos rastreáveis escondidos em todos os documentos impressos.

Essa conversa parece ficção criada por conspiradores de segunda categoria, mas é o que foi divulgado no site da EFF – Electronic Frontier Foundation - uma tradicionalíssima e respeitada fundação que defende a liberdade de expressão, privacidade, inovação e os direitos do consumidor num mundo interligado pelas redes de computadores.

Segundo Seth David Schoen, um membro da equipe de pesquisadores da EFF, “os pontos encontrados nas cópias de pelo menos um linha de impressoras codifica data e hora em que o documento foi impresso, bem como o número de série da impressora”.

O Serviço Secreto Americano admitiu que este rastreamento de informações faz parte de um acordo com alguns fabricantes de impressoras com o objetivo de identificar contraventores. Entretanto esta prática não havia sido divulgada para o público.

Os pontos são amarelos, têm menos de um milímetro de diâmetro, normalmente repetidos em cada página de um documento. Exemplos podem ser vistos aqui.

A Xerox admitiu que inseriu nos seus produtos esta tecnologia que permite rastrear documentos a pedido do Governo Americano, mas indicou que o Serviço Secreto só faria uso deste procedimento para investigação de crimes. No entanto, não existem leis que evitem o abuso dessa prática que acaba com o anonimato dos documentos.

Para o pesquisador Sênior da EFF, Attorney Lee Tien, esse episódio demonstra como o governo Americano e a indústria são capazes de fazer acordos secretos para diminuir a privacidade da população, comprometendo equipamentos utilizados no dia-a-dia, como é o caso das impressoras. Outra questão levantada por ele é: “Que outros acordos foram ou estão sendo feitos para assegurar que sejamos traídos por nossas tecnologias?”

Mais informações no site da EFF: http://www.eff.org/news/archives/2005_10.php#004063

terça-feira, outubro 11, 2005

Funcionamento da Internet

Estados Unidos não arredam pé do controle da Internet.

Yahoo! passará a utilizar material feito por blogueiros

Já era de se imaginar que alguém iria fazer isso...

...O Yahoo News, o mais popular destino de mídia na Internet, começa a testar nesta terça-feira um sistema expandido de busca por notícias que incluirá não apenas reportagens e blogs como fotos e links relacionados aos temas enviados por usuários....

"A mídia tradicional não dispõe de tempo e recursos para cobrir todos os assuntos", disse Joff Redfern, diretor de produtos da Yahoo Search. "O novo sistema de fato aumentará substancialmente o elenco de fontes à disposição de quem realize buscas por notícias."

Mais informações aqui.

Por um lado é o jornalismo participativo tomando forma e ganhando terreno. O povão Os internautas (correção - observando comentário de uma leitora deste blog) participando da produção de notícias. De outro lado é uma grande empresa se aproveitando do trabalho de cidadãos-jornalistas voluntários.

Ainda não dá para prever como isso será visto pelos usuários, nem se vai funcionar direito.

domingo, setembro 25, 2005

Creative Commons

O abuso dos direitos autorais pode se transformar num grande problema para o futuro de uma Internet democrática.

O Creative Commons se preocupa com a liberdade da cultura, informação e conhecimento.

Dois pequenos vídeos (em flash na língua portuguesa) explicam a idéia que está por trás deste movimento:

1. Seja Criativo
2. Reticulum Rex

segunda-feira, setembro 19, 2005

Anos dourados da internet?

A mídia corporativa está perdendo um pouco de seu poder com a explosão de popularidade dos blogs. A credibilidade e a venda dos jornais diminui sistematicamente, como apontam diversas pesquisas ao redor do mundo. Muitos analistas de mídia sinalizam que mudanças grandes estão por vir nos próximos anos. A participação da população na produção de conteúdo e notícias em blogs e websites é tida como um fenômeno que pode favorecer a democracia e descentralizar o poder.

Mas será que estamos realmente em direção a este caminho? As grandes corporações de mídia e os governos não vão fazer nada para obstruir esse movimento que vem dando poder ao povo através da web?

Rafael Behr publicou no THE OBSERVER um artigo com uma análise um tanto quanto pessimista daquilo que está por vir nos próximos anos de internet.

Preparei abaixo uma versão reduzida do artigo, traduzida para o português. O original, completo em inglês, pode ser encontrado neste link.

ACESSO NEGADO

Quinze anos depois de Tim Berners-Lee criar uma maneira de ligar documentos entre si, constituindo uma grande teia – a web, vivemos os anos dourados da internet, um tempo de anarquia gloriosa onde a informação é livre para todos e possibilita que ricos e pobres bloguem suas opiniões para o mundo.

Atualmente os blogs ocupam um papel especial, representam a segunda geração de cidadãos na web. A primeira geração foi a dos geeks pioneiros que desenvolveram seus próprios sites nos anos 90. Diferentemente dos percussores, esta segunda onda não precisa de um know-how técnico nem conhecer linguagens de programação para publicar suas idéias na web. Utilizam um espaço digital pré-fabricado com software livre bastante fácil de operar.

Um novo blog é criado praticamente a cada 2 segundos. O número total é difícil de estimar por não haver consenso na sua definição, mas 15 milhões de blogs é um número aceitável. A cada dia aumenta o número de pessoas que deixam suas impressões, opiniões, críticas e conhecimentos na grande rede.

Numa época onde o capitalismo triunfa e o sucesso geralmente é medido pela acumulação de riquezas, é difícil conceber uma sociedade paralela estabelecida e auto-governada em princípios de confiança e posses em comum. Mas esta sociedade existe. A maior agregação de experiências humanas e conhecimentos já criados pertencem a todos e está disponível livremente.

Mas por quanto tempo? Uma estranha coalizão está lutando contra a nova cultura da liberdade digital. Governos incapazes de resistir a tecnologias que podem rastrear todos os nossos movimentos; corporações famintas pela audiência de 2 bilhões de olhos focados nas telas dos computadores; e os spammers entupindo a rede com lixo, invadindo computadores e espalhando mentiras.

‘A internet, primeira mídia muitos-para-muitos, tinha potencial para nos libertar da tirania da mídia centralizada e do consumismo. Eles pregam que somos apenas receptores daquilo que as grandes empresas, incluindo a grande mídia, desejam que compremos`, escreve Dan Gilmor, um escritor de San Francisco, em “We The Media: Grassroots Journalism by the People for the People”. ‘Mas o combate começou. Em todo lugar que olhamos, as forças de centralização estão encontrando formas de limitar os avanços que fizemos’.

Gilmor é um cronista da Citizem Media, movimento para transformar notícias e entretenimento de um caminho de mão única (nós produzimos, você consome) em uma conversação (todos fazemos, todos trocamos). Alguns exemplos iniciais são a wikipedia - a enciclopédia colaborativa, e o jornal Ohmynews, que é produzido por seus próprios leitores.

Mas o movimento é maior do que qualquer site. Grande o suficiente para botar medo nos empresários e políticos. Os governos foram lentos em apreciar as mudanças sociais causados pela tecnologia, mas rápidos para perceber sua potencial aplicação para exercer controle e invasão de privacidade.

Blogueiros do mundo todo já foram advertidos por regimes repressivos. A China sucessivamente restringe o acesso da internet e coloca limites no que milhões de usuários podem acessar. A tecnologia que possibilita aos governantes vigiar e-mails e rastrear qualquer clique do mouse na internet é muito sedutora para ser ignorada. É quase certo que a vigilância da web fará parte da legislação inglesa anti-terror ainda este ano.

Há também a grande mídia e corporações de entretenimento dos EUA. Eles estão irritados porque a audiência deles está sendo capturada por um exército de internautas editores. A grande mídia detém os direitos autorais de grande parte da cultura popular em língua inglesa, estão procurando tornar as leis de copyright ainda mais duras, alimentando um regime de repressão intelectual que barra a criatividade com ameaças de processos.

Mas para muitos a luta com a grande mídia e estúdios de Hollywood não é o maior problema. Vândalos, fraudadores e pervertidos também são um risco para a internet livre e democrática. Muitas famílias temem o que seus filhos podem encontrar na grande rede, como por exemplo, pornografia, pedofilia e propagação de idéias terroristas. Todas as experiências humanas estão na internet, incluindo o lado ruim. E é difícil de policiar a web, os criminosos se beneficiam de uma rede global sem claros limites da lei. Se um site ilegal é fechado, no outro dia ele ressurge em Moscow.

Mas deve-se partir da teoria de que a maioria das pessoas não é criminosa. Assim como o mundo, a grande rede não é de todo ruim.

Acontece que alguns proprietários da grande mídia estão tentando tirar proveito do lado sombrio da web para espalhar medo em relação ao conteúdo que não é publicado por empresas conhecidas. Com isso tentam guiar as pessoas para jardins fechados de conteúdo seguro (pago através de assinaturas), adequado para os padrões familiares, livres de criminosos e de material ofensivo e ilegal.

A grande meta é direcionar a energia que os blogueiros estão utilizando para criar sua própria mídia em um consumo de conteúdo pago, produzido pelas grandes corporações. A grande mídia quer sufocar a atuação das pessoas na web. A forma para alcançar isso é monopolizando os direitos autorais do material e ferramentas que os usuários costumam utilizar.

Noam Chomsky, lingüista e comentarista de mídia, concorda: ‘As grandes corporações estão concentrando muitos esforços para modelar a internet de forma que ela praticamente seja usada apenas para comércio e diversão. Aqueles que desejam utiliza-la para informação, organização política e outras atividades, passarão por tempos difíceis’.

Para ser justa ao capitalismo, a motivação pelo lucro criou ondas de inovação e crescimento. Quando o Google começou, prometeu ‘não fazer nenhum mal (do no evil)’. Quis organizar a informação do mundo e foi bom nisso. Todos tomaram conhecimento desta inovação maravilhosa. O Google nunca teve que anunciar.

Mas agora há um sentimento crescente de que o Google (com valor estimado em $50bn) cruzou a linha. O poder que tem sobre a maneira em que as pessoas fazem procuras na web, e os dados que pode juntar sobre cada usuário individual, estão começando a parecer menos com um projeto para organizar a informação do mundo e mais com uma maneira de possuí-la. Os geeks perderam seu encanto com o Google, dizem que ele se tornou mal (Google, they say, has turned evil).

A nossa geração é a última que lembrará do mundo analógico. Para a próxima geração de nativos digitais, a web será uma máquina de vendas.

Escuto os gurus da web, pessoas que pregam a liberdade cheias de entusiasmo com a nova sociedade digital do futuro. Temo que eles estejam errados. Mas este excesso de idealismo apenas prova que os anos dourados da internet estão, de fato, acontecendo neste exato momento.

domingo, setembro 11, 2005

As Teles te observarão

Este texto é uma resenha do seguinte artigo:
Location based services—new challenges for planning and public administration?
Futures, Volume 37, Issue 6, August 2005, Pages 547-561
Rein Ahas and Ülar Mark
http://dx.doi.org/10.1016/j.futures.2004.10.012


A telefonia celular vem apresentando um avanço contínuo. O desenvolvimento de novas tecnologias de telefonia móvel pode transformar o celular num comunicador pessoal, integrando telefone, computador e Internet. Será um dispositivo usado para mídia, trabalho e entretenimento.

Com as tecnologias disponíveis hoje, já é possível rastrear a posição e movimentação do proprietário destes aparelhos celulares com certa precisão. O método de posicionamento social - The Social Positioning Method (SPM) – usa as coordenadas de localização dos telefones móveis e a identificação da pessoa que o carrega para realizar estudos de comportamento social, observando padrões de comportamento de diferentes grupos de pessoas. Os resultados dos estudos podem ser utilizados para diversos fins, como por exemplo, planejamento e organização de cidades, estudos científicos, estudos de marketing, entre outros.

A tecnologia envolvida no SPM possibilita a indicação da localização e movimento de pessoas em tempo real. Usuários deste tipo de serviço podem acompanhar num mapa a localização de amigos e familiares. Além disso, podem se informar da quantidade de movimento em estradas, cinemas, shoppings, etc.

Políticos podem analisar o comportamento dos cidadãos com a tecnologia SPM, identificar seus hábitos e os deslocamentos que efetuam para melhor planejar as cidades.

Percebe-se que esta tecnologia pode ter forte impacto no mecanismo de toma de decisões políticas e nas formas de comunicação social. Entretanto, questões relacionadas com a privacidade, liberdade e o repúdio da sociedade em relação ao monitoramento de suas vidas são obstáculos que influenciarão o desenvolvimento e disseminação desta tecnologia entre o público.

O SPM já foi utilizado experimentalmente no planejamento de algumas cidades da Estônia. Pesquisadores do Institute of Geography of Tartu University acreditam que esta tecnologia tem potencial para ter um forte impacto positivo no planejamento e organização da sociedade no futuro.

A maior mudança causada pela disponibilidade de dados de SPM será na forma como as pessoas se comunicam e pensam. Antes de ir para algum lugar, uma pessoa poderá observar mapas ou bases de dados desse lugar, para obter uma idéia do espaço social - que tipo de pessoas estão no local (faixa etária, sexo, etc) ou estão se deslocando para lá?

Ao conhecermos melhor os padrões de movimento das pessoas e suas 'trilhas digitais', será também mais fácil estudar a comunicação social. Por exemplo, como as pessoas se comunicam, onde vão e o que vêem. O caso mais prático da aplicação deste campo está no marketing: de onde vieram e por onde passaram as pessoas que realizaram compras num determinado dia? Quantos clientes que efetuaram uma compra passaram de carro por um determinado outdoor?

Aplicações de SPM relacionadas com planejamento urbano já começaram. Inicialmente esta tecnologia será focada em quatro áreas: (1) uso de infra-estrutura para deslocamento entre centro da cidade e subúrbios; (2) análise temporal do uso do espaço urbano; (3) planejamento de transporte e infra-estrutura; e (4) marketing.

Algumas questões de ordem técnica para analisar a grande quantidade informações sobre a movimentação das pessoas numa cidade precisam ser resolvidas. Será necessário desenvolver métodos e softwares especiais para esta tarefa.

A precisão na localização de uma pessoa com a tecnologia atual pode ter um erro de até 1000 metros, mas o desenvolvimento de novos métodos, associando telefonia móvel com sistemas de satélites, reduz o erro para até 50 metros. No futuro, melhorias tecnológicas vão tornar esse erro de precisão tão pequeno que será desprezível.

Mas as questões mais delicadas no uso do SPM são relacionadas à vigilância e privacidade. Esta tecnologia é a realização de um antigo sonho dos ditadores e também cientistas – um mundo onde as pessoas carregam consigo microchips e são monitoradas em qualquer lugar.

O uso dos dados de movimentação e localização das pessoas não deverá ser usado sem o consentimento delas. Entretanto, há um longo caminho para discussão relacionados a legislação, ética e aceitação social do SPM antes dele se tornar um serviço comum.

domingo, setembro 04, 2005

Google te observa

Esses dias acessei um site meio esquisito (www.google-watch.org) que lançava uma porção de suspeitas em relação a empresa do Google. Num primeiro instante parecem inverdades, mas com um pouco de investigação dá a impressão de que tudo vai se encaixando e se confirmando, mesmo não havendo provas cabais.

O site google-watch.org levanta uma porção de considerações a respeito do uso da tecnologia pela Google, que além do site de buscas possui outros serviços, como os famosos Gmail e Orkut, e outros não tão conhecidos que são listados nesta página: http://www.google.com/intl/en/options/

Para o google-watch.org, o Google está invadindo a privacidade das pessoas, nos observa e nos investiga por meio de algumas práticas aparentemente inocentes, como por exemplo, oferecendo espaço praticamente ilimitado para e-mails.

Através do Gmail, o Google oferece mais espaço em disco do que outros sistemas de e-mail (pelo menos entre os mais conhecidos). Este espaço virtualmente infinito para as mensagens, em conjunto com a funcionalidade de busca, incentiva as pessoas a não apagarem nada do que recebem. Aliás, apagar mensagens é meio trabalhoso, o Gmail encoraja seus usuários a apenas arquivarem o que julgam desnecessário. Segundo o www.google-watch.org, "o Google admite que mesmo que se apague definitivamente uma mensagem, ela permanecerá nos seus servidores e será acessível internamente nas dependências da Google. O Google quer te conhecer melhor...".

Algo Bastante curioso também acontece ao se acessar o site de buscas do Google. Um cookie que expira somente em 2038 é gravado no disco rígido do computador com um número de identificação. É verdade que outros sites se inspiraram na Gigante da Informação e também passaram a adotar esta prática do cookie imortal, mas o Google foi o percussor. Por meio deste cookie, toda vez que uma pessoa faz uma pesquisa no Google, os servidores registram o número de identificação dessa pessoa, seu IP, data e hora, as palavras pesquisadas, e as configurações do navegador web.

Segundo o Google-watch.org, não há explicações sobre o motivo da retenção destas informações e o que se pretende fazer com elas. Quando o New York Times (28-11-2002) questionou isso a um dos fundadores do Google, não obteve resposta.

Através do Orkut o Google também tem acesso a um cadastro bastante recheado de informações dos seus usuários, pois nele as pessoas são levadas a deixar diversas informações desde o seu registro inicial, que vão crescendo a medida que o usuário passa a se relacionar com outras pessoas e a freqüentar e participar de comunidades.

Não fica difícil imaginar as possibilidades que o Google tem de cruzar estas informações que vem coletando sistematicamente de seus inocentes usuários. Fazer um cruzamento entre as conversas que temos no Gmail, com as pesquisas que fazemos várias vezes por dia no site de buscas, e com as informações daquilo que fazemos no Orkut é moleza. Isso pode se complementar ainda com mais dados se a pessoa estiver usando outros serviços do google, como o Google Desktop e Google Talk.

Mais ainda, pode comparar o que pesquisamos na internet com aquilo que as pessoas com quem mais trocamos e-mail ou nos relacionamos no Orkut estão pesquisando. Através desse processo de conhecer o que a maioria de nós busca na rede, pelo que nos interessamos, o que estamos visitando e o que discutimos nos e-mails e nas comunidades do Orkut, o Google pode conhecer alguns de nossos amigos melhor do que nós mesmos!

Acredito que o google ainda vai inventar um serviço bacaninha que, para utilizarmos será obrigatório o preenchimento de um campo com nosso endereço residencial. Aí eles poderão identificar no google earth exatamente onde moramos.

Não deve ser por acaso que um dos co-fundadores do Google tem a pesquisa de Data-Mining como sua maior diversão, conforme indica sua home page:
http://www-db.stanford.edu/~sergey/

Seus últimos trabalhos publicados:
-Extração de Padrões e Relações da World Wide Web (Extracting Patterns and Relations from the World Wide Web)
- Data Mining dinâmico: Uma Nova Arquitetura para Dados com Alta Dimensionalidade (Dynamic Data Mining: A New Architecture for Data with High Dimensionality).

Pra quem ainda acha o Google legalzinho, é interessante a leitura de uma recente reportagem do The New York Times, intitulada: "Google vira império do mal no Vale do Silício" disponível aqui:

Segundo esta reportagem, o Vale do Silício teme o tamanho e poder do Google, considera que a empresa está se descaracterizando e se distanciando de seus objetivos iniciais. Freqüentemente apresenta sinais de arrogância, destrata parceiros, assedia engenheiros de outras empresas e parece querer dominar tudo por onde passa.

" 'No passado, costumávamos ouvir sempre que a Microsoft era o império do mal', diz Brian Lent, presidente da Medio Systems, empresa iniciante de Seattle que trabalhava em buscas para telefones móveis. 'O Google é o novo império do mal, porque estão em posição tão poderosa em termos de controle. Tem um potencial de controle monopolista sobre o acesso à informação.'
'Gosto dos caras do Google, e os respeito', disse. 'Mas seu objetivo final, digamos, parece ser 'Google acima de tudo no céu e na Terra'. "

quarta-feira, agosto 24, 2005

Blogs ganham terreno da mídia corporativa

Artigo do New York Times aponta porque os Blogs ameaçam a mídia corporativa.

Um trecho:
"In effect, the blogosphere is a collective enterprise - not 12 million separate enterprises, but one enterprise with 12 million reporters, feature writers and editorialists, yet with almost no costs. It's as if The Associated Press or Reuters had millions of reporters, many of them experts, all working with no salary for free newspapers that carried no advertising".

A influência dos Blogs

Deu no Código Aberto do Carlos Castilho: A imprensa controla agenda mas os blogs ganham espaço na opinião

...O crescimento da influência de weblogs como os de Ricardo Noblat, José Bastos Moreno e Luis Weis indica que um setor dos formadores de opinião passou a preferir a notícia personalizada e opinativa em vez da informação impessoal dos jornais, revistas, rádios e telenotícias. As pessoas seguem os depoimentos ao vivo via TV Senado ou GloboNews, com o outro olho nos blogs políticos...